segunda-feira, 1 de maio de 2017

Nova vida ao blog Plateia Vip!


Fonte: http://www.pensamentoverde.com.br/wp-content/uploads/2014/10/Depositphotos_12488225_original.jpg


E o meu querido blog Plateia Vip está ganhando nova vida!!

Depois de tempos sem receber nenhum post, estou revivendo o meu blog Plateia Vip. Ele que nasceu pelo interesse no teatro, passou pela educação distância - sem perder o foco teatral - ganhou selo de blog destaque e adormeceu por um período. Na verdade, eu adormeci em meio a mestrado, mudanças, retornos, viagens, escolas, alunos, etc. 

Agora estamos voltando! Voltando sem focar especificamente em teatro, mas abrindo o leque para diferentes diálogos. Afinal, quem disse que devemos ficar focados em um único assunto? Nossa vida é atravessada por ações, opiniões, reflexões, etc, que nos modificam ou simplesmente nos tiram do lugar comum. Sendo assim, somos livres para pensar, conversar e escrever sobre o que - momentaneamente - nos afeta.

Pretendo, modestamente angariar sugestões para as postagens, desafiando-me a falar sobre diferentes assuntos. Será que consigo? Não sei. Só sei que não custa tentar. E, agora vem a pergunta: por onde começar? Alguma sugestão? Deixe nos comentários...

Muito obrigado e uma excelente semana a tod@s!!


segunda-feira, 5 de maio de 2014

Tumba de Cães: choca, mas faz pensar


110 minutos de tensão. Quando eu falo tensão, estou falando de uma tensão reflexiva e não de um suspense comercial tão presente nos cinemas da vida. Tensão da cena, tensão da história, tensão do fato, tensão do relato, tensão dos artistas, tensão da luz, tensão do cenário, tensão da interpretação, tensão da direção, tensão da sonoplastia, tensão e atenção da plateia. Tumba de Cães é uma peça pra mexer com a estrutura humana do ser, pra tirar o sujeito do lugar que ele julga conveniente e lançá-lo no meio de uma história de conflitos e misérias que somos e estamos propensos. Não é diversão, é pura reflexão. Reflexão guiada. É espetáculo para lidar com a enciclopédia pessoal de todos aqueles que ocupam as inúmeras cadeiras do teatro. Pra lidar, pra mexer, pra remexer, pra alterar, pra transformar...


As relações estabelecidas no palco, por atores e personagens problematizam a essência e as fraquezas de uma sociedade (aqui também pode ser entendido como o individual, o pessoal, eu, você, ele, ela...) sob um ponto de vista histórico e contemporâneo, onde tudo é tudo, nada é nada, tudo é nada e nada é tudo. Não estou enlouquecendo e nem não sabendo o que dizer, estou apenas não contando o que você pode ver, dialogar, sensibilizar, aprender, trocar, ignorar, compreender, ser, etc, etc, etc. Não importa o que a peça/texto/montagem diga a mim ou a você, mas importa que haja um compartilhamento do espetáculo e do teatro entre atores, produtores e receptores e tomara, uma interação entre os envolvidos. A mim, cabe apenas dizer que vi, li e vivi, e isso já é mais que suficiente para me provocar a provocar.
Eu acreditaria em mim e não perderia!!!

Local: Teatro Lala Schneider

Direção: Marino Jr.
Autoria: Letizia Russo.
Tradução: Rachel Brumana.
Elenco: Cristóvão de Oliveira, Simone Klein, Andressa Medeiros, Fernando Bachstein, Jader Alves, Pedro Henrique e Daniel Marcondes.
Cenografia e iluminação: João Luiz Fiani.
Figurino: Christine Conde.
Trilha sonora original: Thiago Lima.
Fotos: Ana Chris. 

Temporada: até 11 de maio.
Horários: quintas – 21h; sextas e sábados – 20h; domingos – 19h
Ingressos: R$ 20,00 e R$ 10,00
www.teatrolala.com.br/tumbadecaes


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Mateus Bueno: um aluno, a escola e o teatro.


Escola. Professor. Aluno. Teatro. Ensino. Aprendizagem. 

As palavras acima citadas são capazes de originar uma tese, já que os significados são compostos de muitas informações, conhecimentos, dúvidas, reflexões e possibilidades de relações. 

Não vou discutir nenhuma teoria e nenhum trabalho de alta complexidade, fiquem tranquilos. Quero apenas mostrar como alguns "movimentos" pedagógicos podem fomentar a vontade de aprender e o interesse por novas áreas (nesse caso o teatro), contribuindo para que crianças ou adolescentes tenham maior envolvimento com o ambiente escolar. 

Aprendizado, interesse, informações e exercícios não fazem mal a ninguém!!!

Na TV Paulo Freire, uma TV focada na educação pública paranaense, pude conhecer alguns exemplos de como essa intervenção pedagógica com o teatro pode fomentar a vontade de aprender. Vale a pena ver a história do aluno Mateus Bueno, do CE Walde Rosi Galvão, no município de Pinhais/PR, mostrando como ele conheceu e envolveu-se com o teatro.

Acompanhem o programa "Recreio com História - Mateus Bueno".


A dinâmica do teatro e as possibilidades de diferentes atuações no processo de produção de uma peça, levou o aluno Mateus a conhecer novas áreas, como a iluminação e a sonoplastia.

São novos conhecimentos agregados. São experiências relatadas pelo próprio aluno. São vivências dentro e fora da escola. São exercícios de vida e de cidadania. São fazeres didáticos. Viva o teatro!!!

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Rockville, a palavra, a ação, a reflexão.


"A VIDA É O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM VOCÊ ENQUANTO VOCÊ PLANEJA OUTRA COISA."

O que você está planejando? O que você está vivendo? De que você está fugindo? O que você busca? Quem você busca? Você é tão observado como pensa que é? Quem se importa contigo? Você se importa com que/quem? Pra onde você vai? Por que você vai? Ir? Voltar? Ficar? Jogar-se no novo ou permanecer no antigo? Quem é você em um espaço que você transformou e que agora transforma as tuas relações? Como olhar o outro? Como ouvir o outro? E eles te olham e te escutam? Sou importante pra alguém? Sou importante pro mundo? Como recebo as "notícias" do mundo? E como o mundo traz essas informações?

A vida é o que está acontecendo com você enquanto você está planejando outra coisa.

Fico? Vou? Quero ir? Tem coragem de assumir a sua ação? Tem medo da reação dos outros? Como me olho? Como me julgam? Como penso ser observado? Que relações ajudo a construir? Como extravaso? Como olho pro meu interlocutor? E a singeleza do mundo? Eu observo? Você percebe ou está preocupado com o novo? Como lidar com a solidão? Sua passividade está ativada? Quebramos as rotinas do nosso dia? Onde estou enquanto a vida acontece? Em que mundo? Na Lua? No Sol? No vazio ou em Rockville?

A vida é o que está acontecendo com você enquanto você não planeja outra coisa.



Quais os seus deslumbres? Deixo o que gosto em busca do que penso gostar ainda mais? E a saudade? E o amar? E o gostar? Como olha a aproximação do mundo com o mundo? Você está nesse meio? Ou vive no distanciamento de tudo o que parece estar próximo? Que situação tira o seu conforto? Ou será que estamos tão confortáveis que preferimos nos confortar pelo marasmo do conforto? Qual é seu lugar? E o seu valor?

A vida é o que está acontecendo com você enquanto você planeja várias coisa.

Qual a sua busca? Quais as suas ausências? Pra onde você foge? Ou você pensa que não foge? Você foge da sua fuga? Você indaga o que você vê? E as suas raízes? E o seu eu? Você tem coragem? Você brinca? Você desafio o seu próprio conflito? Quais são as suas válvulas de escape? Você se importa? Com que você se importa?

A vida é o que está acontecendo enquanto todos planejam alguma coisa.

Passividade? Ousadia? Medo? Necessidade? Alívio? Busca? Solução? Parcerias? Relações? Ação? Solidão? Angústia? Fugas? Raízes? Conflitos? Teimosia? Descrença? Singeleza? Humildade? Dúvidas? Você? Nós?

A vida é o que está acontecendo, mesmo que você planeje (ou não) outra coisa.

Rockville? Você viu? Eu vi, porque a vida está acontecendo enquanto fazemos qualquer coisa.



ROCKVILLE de 22 de novembro a 15 de dezembro de 2013 (exceto 01/12).
TEUNI - Teatro Experimental da UFPR - Prédio Histórico da UFPR - 2 andar, Curitiba/PR.
Entrada franca. Classificação indicativa: 14 anos. Duração: 90 minutos.

domingo, 5 de maio de 2013

Selo de blog destaque: escolha do Nutead/UEPG


O blog Plateia Vip acaba de receber o selo de "blog destaque" pelo Nutead/UEPG. Eu explico: eu sempre tive vontade de criar um blog e mais vontade ainda de alimentá-lo como ele merece, no entanto, sabemos que o tempo é bastante escasso para uma maior dedicação.

Voltando ao assunto: atualmente estou participando de um curso (Programa Anual de Formação Continuada em EaD) oferecido pelo Nutead (Núcleo de Tecnologia em Educação Aberta e a Distância) da UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), e nele, me deparo com uma tarefa que seria a criação e alimentação de um blog, ou seja, a chance que eu precisava para criar o Plateia Vip.

Explico novamente: participo do curso porque sou tutor online do curso de graduação a distância em Geografia da UEPG.

A temática do blog eu tive liberdade pra escolher, no entanto apenas precisava postar as atividades solicitadas pela professora do curso. 

Os colegas e tutores tinham que votar no melhor blog de cada turma - no final do curso, e dois seriam escolhidos. O Plateia Vip foi um dos escolhidos, e eu recebi o selo de "blog destaque".

Isso prova que desenvolver um trabalho com dedicação e cuidado, sem dúvida, gera resultados positivos. 

Feliz!!!!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Teatro e Escola: o ponto de vista de Francis Wilker



Francis Wilker é professor da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, diretor do grupo brasiliense Teatro do Concreto e licenciado em Artes Cênicas pela UnB.

Em entrevista ao Jornal do Professor, Francis Wilker defende a utilização do teatro na escola e diz que ele possibilita, entre outras coisas, que os estudantes se interessem mais pela escola, pelo conhecimento, por fazer parte e descubram que podem ir além do que pensavam ser capazes.

Ele sugere aos professores que incentivem nas peças um caráter mais de reflexão, de levantamento de questões. “É tão bom quando uma obra de arte nos deixa perguntas ao contrário de nos oferecer receitas prontas”, salienta.


Qual é a importância do teatro na escola? Que benefícios pode trazer aos alunos?

FW - O teatro é uma linguagem, uma área do conhecimento humano com conteúdos específicos. Estudar teatro na escola é uma oportunidade de conhecer essa linguagem e ser capaz de ler o mundo por outra ótica. É uma arte que envolve nossos sentidos, emoções, conhecimentos e toda a nossa história de vida, a subjetividade de cada pessoa, seja estando em cena, seja como espectador. Essa comunicação se dá por outra via que não é a mesma de outras áreas do saber, como a ciência, que tem outros códigos e discursos. Então, ter acesso a essa linguagem é um direito de nossos educandos, porque nela descobrirão outros “instrumentos” para olharem, sentirem, analisarem e transformarem o mundo ao redor, de forma mais sensível, crítica e criativa.

No aspecto do fazer, criar envolve tecer relações complexas entre diferentes elementos, então, ao fazer teatro, estudantes estão elaborando “composições”, juntando coisas diferentes: uma forma de andar ou se deslocar pelo espaço, o texto que é dito, a roupa e objetos de cena, que carregam também significados, o sentimento que desejam expressar em cada ato físico ou verbal, etc. Percebam que são muitas as questões numa cena e o estudante está aprendendo a associar todas essas informações e elementos na busca de criar um sentido para sua cena, elaborar um discurso. Nesse sentido, criar envolve habilidades complexas de estabelecer relações com conteúdos aparentemente distintos. Será que na vida somos convidados a isso? Será que uns desenvolvem mais essa capacidade e outros menos? Talvez alguns tenham oportunidade de, pelo fazer, identificar e potencializar essas habilidades e outros não?

No teatro não aprendemos apenas fazendo, mas também assistindo as encenações. Quando conhecemos os elementos dessa linguagem nossas leituras de uma obra teatral podem atingir camadas mais profundas que apenas a dimensão do gostei ou não gostei. Diante de uma cena somos afetados por sensações, emoções e uma série de informações que estão ali presentes no que é feito, dito e no como é feito e dito. Como lemos essa obra? Que relações somos capazes de criar? Que memórias pessoais são “acordadas” quando vejo essa cena?

O contato com a obra de arte nos possibilita, a partir da experiência pessoal, construir diversas significações acerca do mundo e de nós mesmos, ou seja, altera pontos de vista e ajuda a construir nossos próprios discursos sobre a realidade. O exercício de “ler” um trabalho cênico mobiliza a nossa capacidade crítica, de reflexão, de síntese, e, principalmente, de estabelecer relações. É importante criar na escola atividades que criem espaços de reflexão crítica sobre as peças, que possam explorá-las a partir do tema e, também, a partir da forma como se construiu poeticamente essa abordagem. Será a partir da análise do fenômeno teatral em suas várias dimensões que os estudantes poderão aprimorar a sua compreensão do discurso cênico. E é esse exercício que mobiliza habilidades importantes para o aperfeiçoamento pessoal, social, cognitivo e produtivo.

Como os professores que não têm experiência com teatro podem utilizá-lo com bons resultados?

FW – No geral, quase sempre há nas escolas alguns educadores ou educadoras que têm um apreço pelo teatro. Geralmente esse interesse está no uso do teatro, da dramatização como um recurso para ajudar os estudantes a elaborarem e se apropriarem de um conteúdo escolar. Então, você vai criar uma peça sobre métodos contraceptivos, ou sobre a colonização dos países africanos ou sobre o quinhentismo na literatura brasileira, etc. Para muitos estudantes no Brasil esse é um dos únicos contatos com a linguagem do teatro. Eu mesmo tive minhas primeiras experiências na aula de literatura. O que ocorre aqui é que o foco está no conteúdo a ser trabalhado e não no teatro como linguagem e área do conhecimento com elementos próprios. Isso não é algo ruim, o teatro nesse caso é um instrumento didático. Acredito que o importante é a escola criar oportunidades para que os estudantes possam aprender e vivenciar o teatro para além dessa perspectiva instrumental. Para isso, o ideal é que cada escola tenha professores de teatro e naquelas que não têm isso ainda efetivado, que os professores que gostam dessa arte possam ler mais sobre teatro, ler peças e procurar assistir mais encenações. Para regiões onde isso ainda é um desafio, talvez a internet possa ajudar um pouco a ampliar as referências que os educadores têm do teatro por meio de textos, imagens e vídeos.

Outra sugestão que gostaria de deixar é que incentivem nas peças feitas na escola um caráter mais de reflexão, de levantamento de questões. É tão bom quando uma obra de arte nos deixa perguntas ao contrário de nos oferecer receitas prontas. É tão bom quando uma obra de arte nos convida a pensar ao contrário de nos dizer o que devemos pensar e sentir daquilo que estamos vendo. Enfim, que deixem espaços para o espectador criar e pensar e não tentem “catequizar” o público.

Qual a idade mínima que os alunos devem ter para participarem de teatro na escola? Há uma faixa etária mais adequada para a participação em espetáculos teatrais na escola?

FW – Nas séries iniciais do ensino fundamental, as crianças estão numa fase onde se trabalha mais com jogos dramáticos, para nas séries seguintes ir trabalhando com jogos teatrais e aprofundando mais no conhecimento e vivência da linguagem. Em todo caso, penso que o importante é a escola não perder o foco do processo de aprendizagem em busca de um resultado final, que seria o espetáculo. Criar uma peça pode ser um laboratório muito rico de aprendizagem pessoal, relacional, cognitiva, produtiva. Imagine quanto conhecimento está em jogo numa atividade onde você precisa se relacionar com o outro o tempo todo, onde você precisa se expor. Quantas pesquisas e conhecimentos podem ser acessados em relação ao tema trabalhado e também sobre a própria linguagem cênica... Temos aqui um terreno muito fértil para aprender, para instigar nossos estudantes. Por isso, ficar focado no resultado apenas, na peça que tem que ser feita para o evento tal, pode diminuir um pouco a “fertilidade” desse processo. O que estou tentando dizer é que na escola penso que o foco é o processo de criar a peça, tudo que podemos gerar de aprendizagem nele e não apenas o resultado (a peça), embora eu também ache o resultado importante e já tenha visto coisas muito bem feitas nas escolas. Outro cuidado talvez seja não exigir de crianças e adolescentes um estágio de trabalho que não seja apropriado ao momento em que estão, apenas para “ter uma peça boa no dia do evento”. Isso seria passar por cima do processo pedagógico e de criação.

Há algum tipo de peça teatral mais recomendada para ser encenada na escola? E quanto aos autores, há alguns mais recomendados? Ou em sua opinião, é preferível que as peças escolares sejam criações coletivas dos alunos?

FW – Eu penso que a escola deve ser sempre um espaço de diversidades – plural na sua natureza e conteúdo – assim, se os estudantes tiverem a oportunidade de conhecer diferentes referências de teatro, de texto teatral, de tipo de encenações, mais rica será essa educação. Isso pode ser organizado levando em conta a faixa etária dos estudantes e os conteúdos que devem ser enfatizados a cada série. No aspecto do texto teatral, temos muitos autores nacionais com obras de qualidade que podem ser mais ou menos apropriado à determinada faixa etária. Maria Clara Machado e Sylvia Orthof, por exemplo, têm excelentes textos mais voltados para o público infanto juvenil. Autores como Nelson Rodrigues e Plínio Marcos talvez já fossem mais recomendados para o ensino médio ou séries finais. Aqui o mais importante é o contexto em que essas obras serão trabalhadas e como serão abordadas. A lista de autores é bem grande, sem falar nos dramaturgos contemporâneos. Quanto à criação coletiva ou dramaturgias construídas a partir de um processo de pesquisa com os estudantes, são muito bem vindas também e podem resultar em textos riquíssimos.

O que penso é que seja partindo de um texto pronto ou construindo um texto, é muito importante o educador ajudar a ampliar os horizontes de leitura e busca de referências, ou seja, vamos partir daquele conhecimento que nossos estudantes trazem consigo, mas, precisamos sempre ir além dele, afinal, a escola é onde abrimos portas e ajudamos a criar pontes para novos mundos. Não podemos sair de uma experiência assim sabendo apenas o que já sabíamos antes.

Que disciplinas ou conteúdos disciplinares podem ser desenvolvidos em uma peça teatral?

FW – O teatro é uma área coletiva e interdisciplinar por natureza. Na cena temos o encontro da música, das artes visuais, cênicas, da literatura... enfim, de muitas áreas do conhecimento humano. Qualquer tema pode ser trabalhado numa peça de teatro e envolver diferentes disciplinas, isso exige diálogo entre os professores e a capacidade de buscar relações com sua área. Vamos pensar num simples exemplo: se trabalharmos um texto como O Beijo no Asfalto, do Nelson Rodrigues, que conteúdos filosóficos, sociológicos, históricos, geográficos, estão ali presentes? Como era a economia, a política, a ciência naquele período? Como é hoje? O que nos distancia e o que nos aproxima daquele contexto? E se partirmos da pesquisa de um tema para construirmos o espetáculo, como por exemplo, o amor, essas mesmas questões e muitas outras poderiam ser levantadas de forma a ampliar a relação entre áreas do conhecimento e consequentemente as oportunidades de aprendizagem.

O senhor já coordenou, em algumas ocasiões, o Festival de Teatro na Escola, promovido pela Fundação Athos Bulcão, em Brasília. O que pode observar, com relação à participação de alunos e professores?

FW – O Festival é um projeto pelo qual tenho muito carinho, foi para mim uma escola de pensar o teatro na escola. A Fundação Athos Bulcão tem um cuidado no acompanhamento pedagógico dos professores que enriquece muito um espaço que poderíamos chamar de formação continuada em serviço. Eu poderia aqui tecer muitos fios de análise desse projeto, mas, vou ressaltar alguns aspectos que me impressionam concretamente: a capacidade de mobilização que o teatro tem numa comunidade educativa, você vê, pouco a pouco, funcionários, outros professores, direção e pais se envolvendo com a atividade; a culminância do projeto afeta de maneira muito positiva a autoestima da escola, do bairro; a relação entre estudantes e o professor ou professora de teatro se torna muito mais próxima; os jovens desenvolvem habilidades de convívio muito caras aos nossos tempos atuais, se conhecem melhor e trabalham suas habilidades pessoais, se interessam mais pela escola, pelo conhecimento, por fazer parte e, para além de tudo isso, descobrem que podem ir além do que pensavam que são capazes!

Quanto aos professores, vejo práticas renovadas, referências teóricas e metodológicas ampliadas, desafios de gestão de grupo como espaço para aperfeiçoar suas habilidades docentes e um orgulho imenso de ensinar teatro! Outra coisa que me emociona é ver a comunidade indo à escola e ao teatro para ver aquilo que seus jovens criaram e se orgulharem. Eu não tenho dúvidas de que uma educação pela arte ensina muito e já vi realidades individuais e coletivas serem transformadas.

Por último, vivemos um tempo onde o acesso ao conhecimento se tornou muito mais fácil, há informação por toda parte, até na traseira dos ônibus, porém, a capacidade de ler criticamente todo esse mundo de informação, de estabelecer relações, de se posicionar de forma mais coerente, de se mobilizar por causas e situações, parecem ser nossos novos desafios e isso me faz lembrar uma frase do Plínio Marcos que diz mais ou menos assim “o mundo nunca precisou tanto dos poetas, como agora”. Eu acredito nisso, precisamos de arte para dar conta da vida.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

O teatro para Fernanda Montenegro.


Nosso papo sobre teatro não pode parar! E Fernanda Montenegro é um dos grandes referenciais para pensar esta temática. Então, passeando pelo youtube e procurando alguns vídeos relacionados ao teatro, encontrei um vídeo, que segundo a fonte data de 1999. Uma relíquia!!!

É um vídeo amador, onde a diva Fernanda fala sobre o teatro no Brasil, as suas principais referências no meio, como Dulcina de Moraes e Bibi Ferreira. Fernanda pensa, raciocina, vive a memória dos momentos lembrados. Show!

Quem melhor que Fernanda Montenegro pra falar de teatro? Ela menciona os diversos teatros construídos e existentes no Brasil, tanto que uma das frases me chamou bastante a atenção (penso que tem um cunho geográfico), foi: "quando uma cidade não tem um teatro, ela não é uma cidade."

É impressionante como a cidade constitui-se para cada pessoa através do seu referencial, mas isso é Geografia e não devo perder o foco, rss.


Fernanda... Fernanda... Fernanda Montenegro. Arlette Pinheiro Esteves Torres. 83 anos de interpretação. 83 anos de vida teatral. 83 anos de exemplo pra uma classe que curte/respira/ama o teatro!

A visualização do vídeo é indispensável. É simplesmente uma aula de Fernanda!!!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Teatro e Wikipédia: uma possibilidade de construção coletiva


Quando pensamos na produção de um espetáculo teatral, sabemos que o processo é bastante trabalhoso e exige muita dedicação de todos os envolvidos. Desde o surgimento da ideia principal ou do tema a ser discutido, perpassando pela construção do texto, figurino, cenário, trilhas, e principalmente o trabalho dos atores. Pensando nesse processo e na necessidade de um trabalho coletivo para que o resultado seja satisfatório, decidi falar um pouco sobre uma ferramenta que pode auxiliar os envolvidos na produção: a Wikipédia.

Essa ferramenta permite que uma temática ou assunto seja discutido e produzido coletivamente, pois cada envolvido no processo pode editar o material, complementando com novas informações e pesquisas, o que garante o surgimento e registro de novas idéias e discussões. 


Entendo que atualmente haja uma grande crítica em relação a essa ferramenta, já que o processo de edição pode ser efetuado por diferentes pessoas (e em qualquer momento), o que não garante que todas as informações sejam corretas, mas em relação a esta sugestão, não teremos tais problemas, tendo em vista que ela será utilizada como complemento para uma pequeno grupo, auxiliando-os na elaboração de material para o espetáculo teatral.

A principal característica da Wikipédia e o processo colaborativo, o que não dispensa o processo de discussão para finalização do trabalho. Sendo assim, deixo o link principal da ferramenta, para conhecimento, e para que todos possam acessar e usufruir como melhor convier. 


Sucesso e bom uso!!!!!!

quinta-feira, 18 de abril de 2013

No meio da rotina: sinais



Texto Colaborativo

Horário de verão. Saí de casa muito cedo, e já estava próximo a Universidade, quando, de repente, me deparei com a mais surpreendente cena: uma moça, descalça, toda suja e despenteada, andando sem rumo pelo acostamento. A princípio imaginei que fosse alguma desconhecida, mas ao aproximar-me percebi que era uma ex-aluna minha, de quando trabalhava em um colégio no interior da cidade. Parei o carro perto dela, desci e a chamei pelo seu nome: Aline. Ela me olhou, com os olhos inchados de tanto chorar e me abraçou. Ela entrou no carro e começou a contar que na noite anterior foi ao cinema no Shopping Estação para assistir um filme de terror e ficou tão assustada que ao sair da sala de exibição foi até ao estacionamento do shopping e não conseguia localizar seu automóvel para retornar para sua casa, então, ela caminhou por vários andares do estacionamento até encontrar seu carro. Então, saiu dirigindo pela cidade para encontrar uma amiga que já tinha assistido o mesmo filme que ela acabara de assistir. Porém, de tão transtornada e alucinada pelo filme, a menina rodou a noite toda pela cidade até acabar o combustível do seu carro. Quando Aline se deu conta já estava na região metropolitana de Curitiba, já era de manhã e ela nem tinha mais lembrado de encontrar a amiga. Eu fiquei apavorado com a história e pensei: será possível que isso tenha acontecido? Deixei-a em sua casa e segui para o meu trabalho. Durante o dia todo não consegui pensar em outra coisa. Sempre me vinha a lembrança de Aline. Não podia me concentrar em mais nada...não via a hora de chegar ao fim do expediente... Olhava para o relógio no fundo da sala minuto a minuto. Deu 18 horas. Peguei o carro e segui até o shopping Muller, mais próximo ao meu trabalho. Queria ver o filme. A fila da bilheteria estava muito grande. Enquanto a fila se encaminhava, pude perceber que saiam pessoas que tinham assistido o mesmo filme, e todos pareciam com os olhos esbugalhados e num transe anormal. Seguiam como zumbis com o olhar perdido. Fiquei imaginando o que acontecia durante a exibição do filme, o porquê das pessoas estarem daquela forma. Enfim comprei meu bilhete e sentei na poltrona para ver o filme, foi ai que acordei todo suado e percebi que tudo não passou de um sonho. Fiquei aliviado. Corri para o banho. Precisava sair. Eu havia combinado com uma amiga de ir justamente ao cinema pra ver uma comédia brasileira que acabara de entrar em cartaz. Uma hora depois eu saí de casa, e meia hora depois eu estava entrando pela porta secundária do Shopping Crystal. Era um sábado, e precisávamos correr para retirar o ingresso gratuito do clube do professor. Naquele momento, pensei: entendi o pesadelo.

Autores: Andréia Kruk, Cícero Luis, Eguimara Branco, Fernanda da Costa, Simone Baroni e Tatiane Saffnauer.

sábado, 13 de abril de 2013

Teatro, Escola e Crianças: histórias no Recreio com História

                                                                  Fonte: Portal Dia a Dia Educação


Hoje decidi falar sobre teatro e escola. Já vou avisando que a minha fala não está relacionada a questões teóricas ou discussões rebuscadas sobre pensadores da educação e do teatro. Quero, simplesmente, falar de histórias e "experiências" vividas por crianças envolvidas com esta arte.

Coincidentemente, enquanto eu visitava o Banco Internacional de Objetos de Aprendizagem do Ministério da Educação, tive uma surpresa: encontrei alguns programas (Recreio com História) realizados pela TV Paulo Freire, justamente a TV onde sou produtor. Fiquei super feliz, pois é um dos programas que mais admiro, justamente por contar diferentes "experiências" dos alunos.

É lógico que selecionei alguns vídeos onde nossos pequeninos falam sobre teatro. Eles contam histórias de suas pequenas e significativas vivências, mas o mais importante é que esse processo - sem dúvida - contribui para o aprendizado dessas crianças. 

Acompanhem...

Primeiro: Recreio com História - Mateus Bueno. Neste programa, ele conta como ingressou no teatro, a indicação como melhor ator e demais trabalhos nas produções teatrais.

                                                                Fonte: TV Paulo Freire



Segundo: Recreio com História - Alberto Kulcheski. Neste episódio do Recreio com História, o aluno conta como elaborou um texto - que ele chama de roteiro - para uma peça teatral na escola. No relato é possível perceber como o teatro contribui para o processo de ensino e aprendizagem. Basta apenas ouvir o Alberto contar sobre sua abordagem da educação ambiental. É um exemplo para muitos professores.

                                                                Fonte: TV Paulo Freire



Terceiro: Recreio com História - Aline. O terceiro programa que eu selecionei é o Recreio com a Aline, onde ela conta a sua paixão e a sua relação com o teatro e a dança. Com postura de adulto e segurança no discurso, ela mostra como a dança e o teatro influenciaram no seu aprendizado. Vale a pena conferir!

                                                               Fonte: TV Paulo Freire


Três vídeos. Três exemplos. Três crianças. Três formas de perceber como o teatro pode ser essencial na educação. Três formas de conhecimento adquirido através do teatro. Três paixões desenvolvidas enquanto criança que possivelmente será levada para toda uma vida. Três narrações que comprovam a importância de pensar o pedagógico. 



sábado, 6 de abril de 2013

Denise Stoklos

Quando se fala em teatro brasileiro não podemos esquecer de Denise Stoklos. Quando se fala em Paraná não podemos esquecer de Denise Stoklos. Quando eu falo da minha cidade (Irati/PR), eu penso em teatro e lembro de Denise Stoklos. Uma artista que marca a pequena cidade interiorana. Essencial é o teatro que Denise faz, que Denise mostra, que Denise provoca, que Denise pensa. O mundo conhece Denise Stoklos pelas performances, pelo talento, pelos cabelos e pelos detalhes de suas expressões. Nada mais justo que o blog Platéia Vip (filho de um conterrâneo de Denise) trazer um vídeo de uma entrevista que fizeram com Denise sobre os seus 42 anos de carreira. Ela fala das peças, do seu teatro, dos seus contatos e de alguns medos. Vale a pena conferir!!

                                                                Fonte: Metrópolis

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Eu vi...

Nos últimas dias a cidade está respirando teatro e outras manifestações artísticas no Festival de Curitiba 2013! No meio de tantas possibilidades sempre busco algo para assistir e aproveitar essa semana intensiva de espetáculos e mais espetáculos, senão - confesso - fico com uma sensação de culpa por não ter aproveitado. No entanto, esse ano, devido a compromissos profissionais, educacionais e outros, não pude assistir muitas peças teatrais. O tempo falou mais alto! Consegui assistir apenas quatro peças - até o momento - mas cada uma com uma característica que chama a minha (nossa) atenção. Nesta postagem eu não vou analisá-las, afinal pensar cansa e não quero ficar cansado e nem cansar os - possíveis - leitores. Para agilizar o papo, publico um compilado com a sinopse e parte da ficha técnica de cada espetáculo. Curtam...


segunda-feira, 1 de abril de 2013

Sem Palavras

"Sem Palavras" é um quadrinho baseado no texto "Ato Sem Palavras II" de Samuel Beckett, onde procuro trazer algumas características básicas (que eu acho que percebo) da obra do autor. Cíclico, preso, tenso, iludido e o consciente aparecem na minha leitura beckettiana. Além da ousadia de ilustrar Beckett, vem a minha ousadia em criar alguns quadrinhos (ou tirinhas) para passar esse recado. Uma coisa eu garanto, a ideia principal da minha ideia está postada!!! Curtam...





quarta-feira, 27 de março de 2013

Curitiba em(Cena)



Goste ou não goste, Curitiba está em(Cena)!

Entre os dias 27 de março de 2013 e 07 de abril de 2013 acontece o Festival de Curitiba. Teatro, dança, circo, música, cinema, lançamentos e outras inúmeras atividades estão presentes neste festival que é caracterizado com um dos maiores do Brasil. Goste ou não goste, Curitiba está em(Cena)!

A diversidade presente no festival abrange desde famosos atores consagrados pelas grandes emissoras de televisão, e estes certamente ajudam a lotar os maiores teatro da cidade, assim como desconhecidos vindo de todos os cantos desse país continente (usando um termo geográfico), além de conhecidos e desconhecidos artistas locais. Você escolhe o que mais te interessa e mergulha nos diferentes temas e abordagens discutidas (ou vendidas) por inúmeros grupos e companhias. Goste ou não goste, Curitiba está em(Cena)!!

Críticas vão surgir. "Trouxe público porque é global (ops, falei)." "Está fugindo da essência do teatro." "Faltou formação teórica para a elaboração dessa peça." "Não entendi nada." "Pirei com a vibe deles, eles seguem uma lógica transcendental." "Esse festival é mercadológico, não valoriza os artistas e a cultura local." O povo vai falar sobre teatro. Goste ou não goste, Curitiba está em(Cena)!

Elogios vão surgir. "Que lindo, amei o espetáculo." "Gostooosooo." "Não entendi nada." "Nessa perspectiva eles conseguem um diálogo entre Bertold Brecht e Nelson Rodrigues." "Como eles conseguiram pensar em uma linguagem tão abstrata!" "Eu quero assistir novamente." "Essa é uma peça pra pensar." O povo vai falar sobre teatro. Goste ou não goste, Curitiba está em(Cena)!




Tem fringe (o verdadeiro festival). Tem espetáculos para todos os gostos. Da criança a vovó. Do tarado ao intelectual. Do deslumbrado ao maria vai com as outras. Do riso às lágrimas. Do meigo ao bizarro. Do preparado ao mal feito. Do show ao show. Cada sujeito com o mínimo de interesse é capaz de escolher o que deseja ver ou não ver, afinal esta também é uma opção. Mas não dá pra esquecer que a chance de conhecer e relacionar-se com a arte está bem no seu quintal. Ou seja, goste ou não goste....rss.

Tem espetáculos caros, baratos, gratuitos, mas todos tem meia, inclusive o gratuito que você não paga nada. Redundância, eu sei. Tem espetáculos longe, perto, do lado da sua casa, na rua, na casa do estudante universitário, no parque, no palco e na arena. Procure e você encontrará.

As opções estão lançadas! Chame os amigos, chame a família, vai sozinho, pois assim ninguém vai reclamar que você escolheu a peça errada. Aproveite. Olhe o teatro como uma linguagem para pensar, para divertir-se, para rir, para chorar, para dialogar com o mundo, para cochilar porque está muito chato... Só não deixe de ir/ver.

Goste ou não goste, tem muitos artistas tentando te dar um recado. Só depende de você querer escutar. Ah! Escute.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Deborah Kramer: uma bailarina e o teatro.



O Blog Platéia Vip vai em busca de entrevistas!!! Para começarmos com o pé direito esse novo desafio, convidamos uma pessoa extremamente envolvida com o mundo da dança, teatro e televisão. 

O nosso bate-papo é com Deborah Kramer!!! Aproveitem cada orientação e ponto de vista dessa profissional que se destaca no meio cultural curitibano!

Deborah Kramer é bailarina profissional, graduada em Educação Física, especialista em Arte-educação e Mestre em Aprendizagem Motora pela UFPR.

Foi bailarina da Téssera Companhia de Dança da UFPR entre  os anos de 1993 e 2002. Fez participações como atriz no programa Revista RPC, quadros “Casos e Causos” e “Louco de Bom”. É coreógrafa, professora de dança e diretora na Escola/Teatro Lala Schneider. Atua, desde 2007, na TV Paulo Freire (SEED/PR) como produtora, diretora, apresentadora e na locução de programas voltados à educação.


Acompanhem....


PV – Deborah, para iniciarmos o nosso bate papo, o Blog Platéia Vip que saber como iniciou a sua relação com o teatro?

DK – Eu fui inserida no contexto da arte aos 4 anos quando fui dançar ballet clássico. Anos depois, já em Curitiba, me apaixonei pelo trabalho da Téssera, o Grupo de Dança da UFPR. A interpretação teatral está diretamente relacionada à Dança Moderna, técnica trabalhada no grupo, mas foi no teatro Lala Schneider que realmente voltei meus olhos para o trabalho do ator. 


PV – O que mais chama a sua atenção em um espetáculo teatral?

DK - Uma boa produção é tudo! Quando você tem isso, a platéia consegue perceber um cuidado em tornar aquele espetáculo parte da realidade. Mas é claro que eu procuro assistir aqueles que tem um trabalho corporal mais elaborado. E musicais, adoro! Saindo da questão corpo e movimento, gosto de espetáculos surreais, com um quê de ficção, mas também curto histórias lineares que falam da realidade. 


PV - E suas maiores críticas na organização de uma peça?

DK - Criticar a organização de uma peça é muito difícil. Posso ser injusta e dizer algo que não está bom sem conhecer o contexto. Então, vou dizer uma coisa que me incomoda: a escalação de atores para protagonizar determinados papéis, simplesmente por serem amigos do produtor, diretor, do contra-regra, etc. Já assisti espetáculos com gente boa fazendo uma pontinha e o protagonista atuando como um amador. Não é possível que o diretor não perceba que seu ator é ruim, e tente protegê-lo, ou ajudá-lo dando à ele um papel que possa representar.    


PV – É possível relacionar a dança e o teatro?

DK - Sim! O teatro e a dança tem uma relação muito estreita. Porém é na questão  técnica que se diferem. Um bailarino, de certa forma, quando está no palco, não realiza apenas movimentos técnicos e virtuosos, ele comunica através de sua linguagem corporal e,  dessa forma, não deixa de estar representando. No caso do ator, ele tem que ter um bom domínio de seu corpo, conhecer suas possibilidades e solucionar questões acerca do movimento e do espaço. A exigência nos padrões de movimento são menores, no sentido de que ele não precisa ter uma perna em développé à 180º. Mas se ele tiver, essa flexibilidade lhe pode ser útil em um personagem ou situação.


PV - Um ator/atriz precisa saber dançar? O que você indica?

DK - Um ator que dança, tem uma relação de maior intimidade com seu corpo e isso sempre será favorável. Qualquer técnica de dança desenvolve a coordenação motora, o ritmo, a harmonia, etc. A escolha por ballet ou jazz (entre outras) vai depender do que o ator quer/precisa desenvolver em si mesmo. Eu defendo a dança moderna como uma técnica complementar ao trabalho  do ator, porém esta é uma escolha muito pessoal.  


PV – Deborah, e qual é a sua orientação para quem gostaria de iniciar uma carreira no teatro?
      
DK - Primeiro procure uma boa escola, com profissionais que realmente tenham um trabalho competente. Experimente, peça para fazer uma aula e se gostar permaneça por um tempo. Se essa for mesmo “a sua praia”, se dedique, muito! Não há um bom ator, sem muito trabalho, pesquisa, envolvimento e disciplina. É preciso entender que atuar é prazeroso, e muitas vezes divertido, mas hora de ensaio é hora de ensaio, e tem que ser com seriedade e responsabilidade. Respeite seu diretor, respeito os horários e principalmente, decore o texto!!!


PV - Pra você, em uma palavra, o que significa no teatro:

PV: Espetáculo
DK: Produção

PV: Sucesso
DK: Reconhecimento

PV: Interpretação
DK: Entrega

PV: Direção
DK: Envolvimento

PV: Expressão corporal
DK: Instrumento

PV: Platéia
DK: Motivo

PV: Aplausos
DK: Magia

PV: Pesquisa
DK: Sempre


O Blog Platéia Vip está extremamente contente por Deborah Kramer ter aceitado o desafio de ser a primeira entrevistada deste nosso bate papo sobre teatro!!! Déborah, muito obrigado por suas considerações sobre teatro, certamente sua opinião e história foi muito marcante para o desenvolvimento do blog. Valeuuuu!!!! Sucesso sempre!!!

E então galera...até a próxima postagem!!!